Tabus
Tabus. Ah! Os tabus. Monstros que atrofiam, que enclausuram.
Foi o namoro em casa do irmão onde o sogro é que ficava a controlar-me, a controlar-nos.
A mim, que era um estranho que lhe entrava em casa, mas a ti que vivias lá e tinhas vinte e sete anos?!
Tanto controle! Controle, mas na pessoa errada.
Tanto foi assim que a filha é que emprenhou!
Foi nos vãos de escadas, nas curvas de escadas entre andares, nos jardins, nos bancos dos autocarros , na barraca da praia com areia a arranhar , em lençóis alugados.
Foi onde tinha de ser, o momento exigia e onde podia ser …
Foi em casa, às sestas de pança cheia em plena digestão onde ainda o alçar das pernas não incomodavam, não havia dores chatas a chatearem nos tornozelos, nos artelhos…nem panças a estorvarem.
Foi em casa de tarde à noite, a qualquer hora, bastava que apetecesse.
Mas sempre esperando que enquanto e durante o acto, quem tinha a chave suplente não viesse incomodar.
Como chegou a acontecer vir e interromper no momento exacto e mais impróprio.
Foi, o que foi, como foi. E é isto que temos para recordar.
Se um dia te acabarem os comeres , se um dia te caírem os dentes , lembra-te que já tiveste dias melhores que foram teus , que foram meus, meus e teus.
Abril de 2012